quarta-feira, junho 01, 2011

CUIDADO COM AS FACAS

   
    Eis uma história muito engraçada, que retrata bem a violência da vida doméstica. A cozinha pode, de facto, ser um local angustiante, onde se desenrolam, quotidianamente, grandes tragédias... Parabéns Francisco!


 
CUIDADO COM AS FACAS

    Estava uma bela manhã. Os raios de sol penetravam pela grande cozinha, e a senhora banana apanhava sol em cima da prateleira para ficar bem madura, quando, de repente, apareceu a dona da casa com um saco de compras. De dentro desse saco saiu uma bela maçã vermelha e suculenta que disse:
_ Olá!
   A banana assustou-se e perguntou muito baixinho:
_ Quem és tu? Uma espécie de banana redonda e podre?
_ Não, sou uma maçã! -gritou ela.
_ Chiiuuu!!! Não grites para que a dona da casa não fique a saber que nós falamos, se não ela diz a toda a gente e deixam de nos trincar.
-  E ser trincada é bom? – perguntou a maçã.
-  Sim, ouvi dizer que é como se tivesse sido feito para nós.
- O quê?- perguntou a maçã.
- A trincada.
   De repente, ouviram-se passos e um grande…
 - Pahhh!
    Era a dona da casa que estava a cortar tomates para fazer uma salada. Depois, teve uma ideia:
- Já sei que doce é que devo levar à minha mãe – disse a dona da casa.
- O que será? - interrogou-se a maçã.
- Faço tarte de maçã! - exclamou a dona da casa toda contente – Mas onde estão as maçãs que comprei esta manhã?
_ Oh, não, as minhas amigas! – disse a maçã muito assustada.
     De repente, a senhora pegou na maçã. A banana ainda tentou agarrá-la, mas não conseguiu.

     A dona da casa levou a maçã até à outra bancada, e agarrou numa grande faca. Nessa altura, quando se preparava para cortar a maçã, esta esquivou-se ligeiramente para a senhora não perceber que tinha sido ela. A senhora entou novamente, e a maçã esquivou-se de novo. Tentou outra vez, e a cena repetiu-se até a maçã acabar por cair da bancada.

 
_ Esta agora, sou cá uma desastrada! – exclamou, enervada, a dona da casa. Agora, vou ter de comê-la.
E a maçã foi deliciosamente trincada. Já a banana não teve tanta sorte: apodreceu de velha.

                                                                


Maio de 2011,  Francisco Azinheira, 7º C

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