Umberto Eco alerta-nos para os perigos de um utilização acrítica e exclusiva da informação apresentada pelos motores de pesquisa na Internet. Ele afirma que "O Google é uma tragédia para os jovens". Refere-se à utilização do Google, mas podemos extender o seu comentário a todo e qualquer motor de pesquisa, em geral.
Não é culpa do Google. Os resultados de uma pesquisa são o fruto de uma seleção do algaritmo criado que gere a busca. A veracidade ou exatidão da informação contida nos sites apresentados não é equacionada. Por conseguinte, a pesquisa em diversas fontes de informação, quer nas páginas da Web, quer nos tradicionais suportes de papel, dicionários e enciclopédias, é sempre uma garantia para o utilizador, no sentido de encontrar dados corretos.
Para quem procura, a diversidade das fontes de informação, o cruzamento da informação encontrada e a leitura crítica dos dados fornecidos representam indubitavelmente uma garantia de veracidade e de correção dos factos e dados pesquisados. Como em muitas outras coisas na vida, não se deve pôr todos os ovos no mesmo saco. E esta atitude também se ensina.
"(...) O Google cria uma
lista, mas no momento em que olho para a lista que o Google gerou, ela
já mudou. Essas listas podem ser perigosas - não para os adultos como
eu, que adquiriram conhecimento de outro modo -, mas para os jovens,
para quem o Google é uma tragédia. As escolas deveriam ensinar a arte da
discriminação. (...). A educação deveria regressar às estratégias das
oficinas da Renascença. Aí, os mestres podiam não ser capazes de
explicar aos alunos por que razão uma pintura era boa em termos
teóricos, mas faziam-no de maneiras mais práticas. Olha, isto é o
aspecto que o teu dedo pode ter e este é aquele que deve ter. Olha, esta
é uma boa combinação de cores. A mesma abordagem deveria ser utilizada
nas escolas quando se lida com a internet. O professor deveria dizer:
"Escolham qualquer assunto: a história da Alemanha ou a vida das
formigas. Pesquisem em 25 páginas web diferentes, comparando-as, e
tentem descobrir qual tem informação importante e pertinente". Se dez
páginas disserem a mesma coisa, pode ser sinal de que essa informação
está correcta. Mas isso também pode acontecer porque alguns sites se
limitaram a copiar os erros dos outros. (...)"
Umberto Eco
P.S. Agradeço à Cristina esta partilha, que dá muito que pensar... muito mesmo...
Capitão Kispo
Capitão Kispo
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