DIÁLOGO NAS ESTRELAS
_Neste Natal, sabes do que mais preciso, ó Pai Natal?
_Então não sei? Isto!
_Ah, isso não! Já tenho!
_E isto?
_ Isso não tenho, mas também não me faz falta.
_ Isto então. É o que todas as crianças pedem!
_ Oh, isso, ainda menos...
_E aquilo?
_Aquilo? Creio bem que não, só atrasaria a minha viagem.
_ E isto?
_Isso, esquece, não vale um caracol.
_Só se for isto...
_Isso então, nem em sonhos!
_Isto talvez...
_Que pena, mas não!
_Resta-me isto e isto.
_Ó Pai Natal, nem uma coisa nem outra!
_Mas então o que desejas receber neste Natal, estranho Princepezinho?
_Paz, saúde, amor, entendimento, tolerância, harmonia. Ah, e alguma beleza, alguma bondade. E amizade também: com uma flor, uma raposa, um aviador...
_Ah, só coisas complicadas!
_Mesmo que sejam difíceis de conseguir, são as que eu gostaria de receber!
_Não sei se vou poder encontrar tão raros presentes.
_Tenta Pai Natal, tenta. Aprendi que o essencial na vida é nunca desistir.
O Pai Natal meditou por uns instantes acerca das palavras do Princepezinho, uma mão massajando lentamente a sua longa barba branca, e disse:
_Acabas de nos dar a melhor prenda do mundo, Princepezinho! Já não precisas da ajuda do Pai Natal para nada. Adeus!
E, sem mais demoras, ambos retomaram os seus afazeres. O Princepezinho as suas viagens pela imensidão fria do Universo e o Pai Natal continuou a embrulhar os brinquedos que, na mágica noite de Natal, distribuiria às criancinhas.
Hughes Rivers, in Correspondências da Memória, 2014.
A todos desejamos um Feliz Natal 2016!
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