“era verdadeiramente a minha intenção
salvar toda aquela gente"
Diz-me Aristides
Como as palavras
Escritas
Salvam
Dos campos sem sol
Diz-me a força
De um nome assinado
Dez, vinte, trinta mil vezes
De cada vez
Fazendo mais uma vida sorrir
Diz-me este amigo
Como venceu com a luz do seu traço
Numa folha de papel
A dureza do aço
A crueldade
A vil maldade
A tortura
E no fim de uma solitária linha férrea
A morte.
Coragem de um justo! Há na lusa história figuras assim que nos reconciliam com esta condição difícil e contraditória que é ser português. Aristides de Sousa Mendes tornou-se maior do que o seu destino, devido ao acaso dos acontecimentos.
A sua biografia parece retirada de um romance. Nasceu a 19 de julho de 1805, em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal) perto de Viseu. Advogado de formação, ingressou na carreira diplomática. Foi Cônsul em vários países (Zanzibar, Estados-Unidos, Brasil, Espanha, Luxemburgo, Bélgica...) antes de ser colocado em França, na cidade de Bordéus, onde chega em agosto de 1938.
Extremamente culto, conviveu com personalidades que ficariam para a história, entre outros o Rei Leoplodo da Bélgica, Maeterlink (Prémio Nobel de Literatura) , Albert Einstein (que recebeu em sua casa quando este abandonou a Alemanha, em 1935).
“Talvez a maior ação de salvamento feita
por uma só pessoa durante o holocausto"
Yehuda Bauer
O ano de 1940 surpreende-o em Bordéus. A Segunda Guerra Mundial já devasta a Europa. Em Portugal, Salazar, receando uma invasão de Hitler, toma posição pelo mais forte e proíbe a emissão de vistos para judeus, apátridas e outros "indesejados".
Contrariando as ordens vindas de Lisboa, Aristides de Sousa Mendes concede milhares de vistos a refugiados judeus.
De regresso a Portugal, Aristides de Sousa Mendes é ele próprio vítima de perseguição. Salazar instaura-lhe um processo disciplinar, na sequência do qual Aristides é afastado da Carreira Diplomática.
Seguem-se anos trágicos em que Aristides de Sousa Mendes é maltratado pelo poder fascista que amordaça Portugal.
Aristides de Sousa Mendes faleceu em 1954, no dia 3 de abril de 1954, na sua casa em Cabanas de Viriato.
Após a sua morte, porém, graças à ação incansável de familiares, amigos, ex-refugiados que salvou, personalidades políticas com visão, a extraordinária figura de Aristides de Sousa Mendes é alvo de um processo de reabilitação internacional, sendo o seu ato humanista reconhecido, a título póstumo, pelas mais altas instâncias internacionais e também pela pátria natal. Seguem-se homenagens e condecorações.
Em abril de 2014 assinalar-se-ão os 60 anos da morte física de um homem justo e corajoso. O seu espírito heróico, esse, jamais falecerá.
PARA REFLETIR...
Eis a mensagem que se pode ler na página inicial do site da Fundação Aristides de Sousa Mendes:
Aristides de Sousa Mendes foi um Diplomata português que durante a II Guerra Mundial salvou mais de 30.000 vidas da perseguição Nazi, em 1940, no que é considerado como a maior acção de salvamento empreendida por uma pessoa individual.
A Fundação Aristides de Sousa Mendes foi constituída no ano 2000 com os objectivos de divulgar o Acto de Consciência de Aristides de Sousa Mendes e de desenvolver e executar o projecto de recuperação da casa de família de Sousa Mendes, a Casa do Passal, em Cabanas de Viriato.
Por falta de meios, a Casa do Passal encontra-se numa situação de ruína iminente. Através desta página, os interessados podem associar-se ao programa de celebração e divulgação do Acto de Consciência de Aristides de Sousa Mendes e, também, contribuir com os seus donativos para recuperação da Casa do Passal e para a criação de um centro de memória que dignifique e perpetue o seu acto exemplar.
Sobre Aristides de Sousa Mendes
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