domingo, outubro 17, 2010

SUGESTÃO DE LEITURA DO KISPO

Nunca é tarde para sonhar...



Título: A Estrelinha Pálida
Autor e Ilustrador: Pedro Seromenho
Editora: Opera Omnia
Ano de Publicação: 2010

Comentário do livro 

 
                      Sem família, somos como estrelas pálidas

     Conheço muitas estrelas pálidas. São crianças que não conhecem a claridade da vida familiar. Crianças sempre “ a caminho de “ qualquer coisa. Da casa do pai, da mãe, dos avós ou de amigos. São crianças à espera de um sorriso, de um abraço, de uma prova de afecto e de amor. Era o caso da Estrelinha Pálida:  

“Ninguém lhe dava atenção.” (página 10)

 
     Como são escuras e tristes as noites das crianças pálidas. Como parecem brilhar mais intensamente as estrelas que brilham nos olhares das outras crianças. Brilham mais porque são felizes. 
     Na relação de amor/ódio que sempre envolveu o conceito de família, simultaneamente entendida como berço fundamental da educação e como centro de conflitos pelas imposições que gere, pelas regras que impõe, muitos acharam que a liberdade individual se deveria sobrepor à clausura familiar. Cada um por si. Viver a vida. Ser eu. Mando em mim. Conheço todas as expressões libertadoras. Muitas li-as nos livros, outras ouvi-as em rasgos de desafio e de aventura.
    E assim criamos lentamente estrelas pálidas. Estrelas que perderam o Norte. Estrelas que andam à deriva. Como é dramático ser uma estrela Pálida!
     Foi talvez este a grande mensagem que o Kispo retirou do admirável novo livro de Pedro Seromenho “A Estrelinha Pálida”.
     Descendo à Terra e após ter vencido perigos terríveis - como nos contos para crianças - , a estrelinha solitária encontra finalmente  o seu brilho quando encontra um lar, onde mora um casal que não podia ter filhos:

“Foi naquela cabana, onde morava um casal pobre que não podia ter filhos, que ela encontrou uma família e um lar. Os seus novos pais, que a receberam de braços abertos, contaram-lhe histórias de encantar e embalaram-na com carícias e sorrisos. Nunca mais a deixaram sozinha. Foi uma espécie de milagre.” (página 31)

     É o milagre de Pinóquio realizado novamente: o velhote que não tinha filhos viu um boneco de madeira transformar-se num menino de verdade. A Estrelinha Pálida, quanto a ela, após ter sido adoptada, passa a ser simplesmente Pálida, uma menina que aprende a ler e a escrever com a mãe, enquanto o pai vai trabalhar:

“Mimada e acarinhada, a Pálida sentiu-se a menina mais especial do universo. De tarde, quando o pai ia trabalhar, ajudava a mãe na lida da casa e esta ensinava-a a ler e a escrever, para ela se tornar numa mulherzinha. ” (página 32).

     Pálida começou a brilhar como as outras estrelas. No dia em que encontrou a alegria de uma família, a menina Pálida tornou-se brilhante, estrela entre estrelas, criança entre crianças :

“E AO CAIR DA NOITE, LÁ IA A ESTRELINHA PARA JUNTO DAS AMIGAS, PARA OCUPAR O SEU LUGAR NO CÉU. NUNCA MAIS PAROU DE BRILHAR.” (página 33)

      Mais um importante pormenor a salientar neste livro: as ilustrações de Pedro Seromenho atingem um encantamento que raramente vi, com um poder evocatório fabuloso e um permanente diálogo com o texto.
        Em suma, um livro admirável a não perder, para que todos possamos brilhar um pouco mais, nestes tempos cinzentos e tristes.

                                                                                                       O Kispo 

 Para conhecer melhor Pedro Seromenho:


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