De uma nossa atenta seguidora, neste quente período de Exames no luso burgo, aqui se apresentam conselhos do actual Ministro da Educação, para os alunos, na preparação dos Exames. O vosso Capitão deu um salto na sua caravela virtual:
_O quê? Um Ministro da Educação preocupado com os resultados dos Exames? Há quantos anos não ouvia eu tal coisa?
Oxalá a preocupação ministerial tenha eco merecido nos meios de comunicação, nos pais e nos alunos! Conselhos indiciam pragmatismo, coerência, estudo, esforço, rigor, organização. Características que têm andado algo em desuso.
No artigo transcrito, os sublinhados e comentários são do Capitão Kispo.
Sete ideias para os jovens que vão a exame!
Por Nuno Crato
DENTRO DE ALGUMAS semanas, milhares de estudantes do Ensino Básico e Secundário terão exames. Sabemos que as provas nem sempre estão bem feitas, que são menos frequentes do que deviam, que não têm o grau de exigência necessário e que, muitas vezes, os enunciados são enganosos. Mas isso neste momento pouco importa. Para os estudantes, para os pais que os acompanham e para os professores que os apoiam, o que agora interessa é aproveitar estas últimas semanas. Ainda há tempo para muita coisa, desde que se trabalhe. Talvez algumas das ideias seguintes sejam úteis.
Primeira ideia: Programar o estudo. É um dos factos mais surpreendentes da vida: traçar objectivos é meio caminho andado para os atingir. Isso é verdade na escola, na política, no desporto, nas empresas. Pode-se trabalhar muito, pode-se estar o dia todo ocupado e parecer que não se consegue fazer mais nada. Mas quando se perde um pouco de tempo a pensar e organizar a vida, consegue-se fazer mais. Daqui até às provas há ainda algumas semanas; por que não fazer uma lista das matérias prioritárias e planear dominá-las, com objectivos traçados semana a semana e dia a dia? Depois, é controlar o plano de estudo. Basta perder (aplicar) cinco minutos ao fim do dia para verificar o que se fez e não se fez e o que é preciso fazer para recuperar o tempo perdido.
Segunda ideia: Testar o que se sabe. (Alguns alunos, sobretudo de uma Turma do 8º Ano, que o Capitão bem comhece, têm por hábito testar em grupo de 4-5 elementos, os seus conhecimentos sobre determinada temática, anters dos testes, na Biblioteca...). É uma das descobertas mais sólidas da psicologia cognitiva moderna: as avaliações são um auxiliar importantíssimo do estudo; muitas vezes aprende-se mais enquanto se pensa como responder a um teste ou a verificar onde se errou, do que no estudo calmo e descontraído. A resolução de testes e exercícios é fundamental.
Terceira ideia: Voltar atrás quando não se percebe. Andar muito tempo à volta de um exercício ou de um conceito e não o conseguir entender é habitualmente sintoma de que há algo para trás que não se percebe. Não vale a pena fingir que se saltam obstáculos.
Quarta ideia: Perceber e decorar, decorar e perceber. ( Ui... isto complica-se! Treinar, memorizar, decorar, são actividades que requerem esforço, prática, treino, tempo, concentração, dedicação...) Ao contrário do que recomendam algumas teorias pedagógicas ultrapassadas, a memorização não é inimiga da compreensão. As duas coisas são necessárias e reforçam-se mutuamente. Saber de cor uma fórmula pode ajudar a perceber um conceito e perceber um conceito pode ajudar a decorar uma fórmula útil.
Quinta ideia: Nem sempre o que parece mais fácil é o melhor. Entre ler um romance que se sabe que pode aparecer num exame e estudar um resumo, muitos jovens preferem ler o resumo. Que erro! Ler um romance é mais divertido, aprende-se mais, compreendem-se melhor os personagens e fixam-se melhor os pormenores. (Faço minhas estas observações. Nada a acrescentar, a não ser salientar que é um doutorado em Matemática que põe em evidência esta verdade límpida e transparente: ler é bom, ler é divertido, lendo aprende-se mais do que consumindo insípidos e banais textos pré-digeridos).
Sexta ideia: Chegados ao exame, por mais difíceis que as questões pareçam, não desanimem. Muitas vezes, precisamos de algum tempo entre ler uma pergunta e ter a ideia da resposta. Leia-se segunda vez, terceira vez, com calma. Afinal a resposta pode ser simples.
Sétima ideia: Por mais simples que as questões sejam, não desanimem. Na Prova Intermédia de Ciências Físico-Químicas do 9.º ano feita este mês pelo Ministério, enunciavam-se um a um os nomes dos planetas do sistema solar e depois perguntava-se «o sistema solar é constituído por quantos planetas?» Muitos jovens podem não ter respondido por pensarem que havia algum truque. Não podia ser verdade! Não faz sentido perguntar a um aluno do 9.º ano se sabe ou não contar até oito! Mas era verdade.
«Números e Letras» - «Expresso» de 28 Maio 2011
Para saber mais
Mas, afinal, quem é Nuno Crato? Ver aqui o seu Currículo.
Encontra aqui no sítio Web da Revista LER cinco obras fundamentais indicadas por Nuno Crato para aprender a gostar de Matemática. Muito curioso!
Longe de Aventuras, Nuno Crato tem publicado obras onde expime o seu pensamento sobre o Ensino:
O Eduquês em Discurso Directo: Uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista (Gradiva, 2006)
Coordenou o livro Desastre no Ensino da Matemática: Como Recuperar o Tempo Perdido (SPM/Gradiva, 2006)
Organizou a colectânea Ser Professor, de textos de Rómulo de Carvalho (Gradiva, 2006)
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