domingo, junho 19, 2011

EXAMES 2011: CONSELHOS DE MINISTRO


     De uma nossa atenta seguidora, neste quente período de Exames no luso burgo, aqui se apresentam conselhos do actual Ministro da Educação, para os alunos, na preparação dos Exames. O vosso Capitão deu um salto na sua caravela virtual:
_O quê? Um Ministro da Educação preocupado com os resultados dos Exames? Há quantos anos não ouvia eu tal coisa?
     Oxalá a preocupação ministerial tenha eco merecido nos meios de comunicação, nos pais e nos alunos! Conselhos indiciam pragmatismo, coerência, estudo, esforço, rigor, organização. Características que têm andado algo em desuso. 
      No artigo transcrito, os sublinhados e comentários são do Capitão Kispo.
    

Sete ideias para os jovens que vão a exame!

Por Nuno Crato
 

DENTRO DE ALGUMAS semanas, milhares de estudantes do Ensino Básico e Secundário terão exames. Sabemos que as provas nem sempre estão bem feitas, que são menos frequentes do que deviam, que não têm o grau de exigência necessário e que, muitas vezes, os enunciados são enganosos. Mas isso neste momento pouco importa. Para os estudantes, para os pais que os acompanham e para os professores que os apoiam, o que agora interessa é aproveitar estas últimas semanas. Ainda há tempo para muita coisa, desde que se trabalhe. Talvez algumas das ideias seguintes sejam úteis.

Primeira ideia: Programar o estudo. É um dos factos mais surpreendentes da vida: traçar objectivos é meio caminho andado para os atingir. Isso é verdade na escola, na política, no desporto, nas empresas. Pode-se trabalhar muito, pode-se estar o dia todo ocupado e parecer que não se consegue fazer mais nada. Mas quando se perde um pouco de tempo a pensar e organizar a vida, consegue-se fazer mais. Daqui até às provas há ainda algumas semanas; por que não fazer uma lista das matérias prioritárias e planear dominá-las, com objectivos traçados semana a semana e dia a dia? Depois, é controlar o plano de estudo. Basta perder (aplicar) cinco minutos ao fim do dia para verificar o que se fez e não se fez e o que é preciso fazer para recuperar o tempo perdido.

Segunda ideia: Testar o que se sabe. (Alguns alunos, sobretudo de uma Turma do 8º Ano, que o Capitão bem comhece, têm por hábito testar em grupo de 4-5 elementos, os seus conhecimentos sobre determinada temática, anters dos testes, na Biblioteca...). É uma das descobertas mais sólidas da psicologia cognitiva moderna: as avaliações são um auxiliar importantíssimo do estudo; muitas vezes aprende-se mais enquanto se pensa como responder a um teste ou a verificar onde se errou, do que no estudo calmo e descontraído. A resolução de testes e exercícios é fundamental.

Terceira ideia: Voltar atrás quando não se percebe. Andar muito tempo à volta de um exercício ou de um conceito e não o conseguir entender é habitualmente sintoma de que há algo para trás que não se percebe. Não vale a pena fingir que se saltam obstáculos.

Quarta ideia: Perceber e decorar, decorar e perceber. ( Ui... isto complica-se! Treinar, memorizar, decorar, são actividades que requerem esforço, prática, treino, tempo, concentração, dedicação...) Ao contrário do que recomendam algumas teorias pedagógicas ultrapassadas, a memorização não é inimiga da compreensão. As duas coisas são necessárias e reforçam-se mutuamente. Saber de cor uma fórmula pode ajudar a perceber um conceito e perceber um conceito pode ajudar a decorar uma fórmula útil.

Quinta ideia: Nem sempre o que parece mais fácil é o melhor. Entre ler um romance que se sabe que pode aparecer num exame e estudar um resumo, muitos jovens preferem ler o resumo. Que erro! Ler um romance é mais divertido, aprende-se mais, compreendem-se melhor os personagens e fixam-se melhor os pormenores.      (Faço minhas estas observações. Nada a acrescentar, a não ser salientar que é um doutorado em Matemática que põe em evidência esta verdade límpida e transparente: ler é bom, ler é divertido, lendo aprende-se mais do que consumindo  insípidos e banais textos pré-digeridos). 
 
Sexta ideia: Chegados ao exame, por mais difíceis que as questões pareçam, não desanimem. Muitas vezes, precisamos de algum tempo entre ler uma pergunta e ter a ideia da resposta. Leia-se segunda vez, terceira vez, com calma.  Afinal a resposta pode ser simples.

Sétima ideia: Por mais simples que as questões sejam, não desanimem. Na Prova Intermédia de Ciências Físico-Químicas do 9.º ano feita este mês pelo Ministério, enunciavam-se um a um os nomes dos planetas do sistema solar e depois perguntava-se «o sistema solar é constituído por quantos planetas?» Muitos jovens podem não ter respondido por pensarem que havia algum truque. Não podia ser verdade! Não faz sentido perguntar a um aluno do 9.º ano se sabe ou não contar até oito! Mas era verdade.

                                                                              «Números e Letras» - «Expresso» de 28 Maio 2011

Para saber mais

Mas, afinal, quem é Nuno Crato? Ver aqui  o seu  Currículo. 

Encontra  aqui no sítio Web da Revista LER cinco obras fundamentais indicadas por Nuno Crato para aprender a gostar de Matemática. Muito curioso!

Longe de Aventuras, Nuno Crato tem publicado obras onde expime o seu pensamento sobre o Ensino:


O Eduquês em Discurso Directo: Uma Crítica da Pedagogia Romântica e Construtivista (Gradiva, 2006)










Coordenou o livro  Desastre no Ensino da Matemática: Como Recuperar o Tempo Perdido (SPM/Gradiva, 2006)











 Organizou a colectânea Ser Professor, de textos de Rómulo de Carvalho (Gradiva, 2006)


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